Arrumando as malas, estou indo para terrinha natal :-=

Olá pessoal!

Hoje tenho que fazer malas, ou pelo menos iniciar esse trabalho chato.

Estou desanimada sim... Voltar ao Rio de Janeiro, me preocupa, não é como ir de ferias para algum lugar, e sim, retornar a uma vida que eu deixei para trás. Nós brasileiros que ainda temos nossos títulos de eleitores no Brasil, tempos que regularizar o voto, quando chegamos, e perdemos uma manhã e parte da tarde fazendo isso. Eh muito chato... Espero conseguir desse vez , depois que voltar para casa, transferir o meu título para Oslo. Assim não perco mais um dia das minhas ferias para fazer isso.

E é assim que eu me sinto quando volto ao Rio, perder muitos dias das ferias para resolver coisas , me estressando com coisas burocráticas e práticas que não tenho como resolve-las estando fora do país. Muitas vezes não tenho tempo de resolver tudo e vou deixando para as futuras viagens ...

Eu aconselho as pessoas que querem viver em outro país e adquirem outra cidadania, e não pensam mais retornarem ao Brasil, que vendam tudo que tenham, e comece uma vida nova em outro lugar, Essa coisa de ter um pé aqui e outro do outro lado do mundo dá muito trabalho.

Mas eu sei , que é difícil...

O que eu sinto depois de viver 12 anos aqui é:

Quando  mudamos de país, nos  desprendemos da nossa cultura, da nossa origem, para poder viver bem.

E você estaria pensando, e isso é ruim, porque a gente tem que valorizar nossas origens, dar valor a nossa cultura, e como podemos esquecer o que aprendemos com nos nossos país , parentes, amigos, sociedade , etc... etc..

E eu diria que, depois que você sai do seu país , e vive muitos anos em outro, aprende a cultura de outro país e se adapta a ela, você automaticamente se desprende da sua. E isso é bom sim, sabe porque? Porque assim você não sofre quando estiver vivendo em uma sociedade diferente da que você foi acostumada.
Veja por um outro lada. Vamos dizer que todos somos como uma garrafa vazia, todos somos garrafas, um pouco diferente umas das outras , mas garrafas, e em cada região que nos localizamos, nos enchem de conhecimentos , sendo alguns restritos apenas aquela região, como por exemplo, musicas tipicas, comidas tipicas, maneiras comportamentais típicos, religiões etc... e nos colocam um rótulos, O meu rotulo eh brasileira... mas depois que me mudei para Noruega passei a ter 2 rótulos, brasileira e norueguesa... e a minha garrafa foi empreendida com mais um monte de informação que eu só pude adquirir depois de viver anos aqui....

E aonde eu quero chegar com esse papinho informal? Foi então que eu percebi que somos apenas garrafas, que podemos adquirir novos rótulos, e de aprender novamente uma outra cultura, uma nova maneira de viver e ver a vida... Mas isso tem um preso, agente tem que ser desprendida. Não ter medo de lagar o que era velho para adquirir uma coisa nova...

Vamos ao exemplos...

Quando me perguntam, você sente saudade de viver no Brasil, eu digo não. Porque ? Porque eu não penso na minha vida como foi antes, eu vivo a minha vida agora, e procuro gostar do que eu tenho hoje. Procura gostar, como assim`? Sim , claro? Tudo na vida tem seu lado bom e ruim... Aqui é obvio que o clima é ruim, que a comida é bem  diferente, que o comportamento social do povo também é diferente... Mas desse quadro encontramos muitas coisas boas e são as coisas boas que devemos valorizar para sermos felizes...

Se eu pensar no Brasil, sentirei saudade, pois estarei pensando somente das coisas boas de lá... E a realidade é que lá também tem seu lado ruim...

Eu não saí do Brasil, por causa de ter tido uma vida ruim lá... Nada disso, em termos de conforto, eu tive muito mais luxo no Brasil do que eu tenho vivendo aqui... Eu me mudei para cá porque me casei com um estrangeiro e quis ser feliz com ele, mesmo morando em outro país... Contudo , eu cresci muito depois que me mudei. Passei por muitos sufocos na vida aqui, Me senti como uma criança de 4 anos nos primeiros anos, mesmo sendo uma adulta.
 Eu tive uma amiga de faculdade que o marido dela  americano, se separou dela, por não ter aguentado viver no Rio de Janeiro.
Não são fácies os primeiros anos. Mas quando passamos por eles, e superamos, nos tornamos em uma pessoa muito mais maleável, compreensível, a cabeça abre para o mundo e a capacidade de se adaptar a outros lugares de culturas muito diferentes que as nossas, cresce muito e isso é muito bom,  nos tornamos mais humildes, humanos, acredito que menos individualista. Temos uma tendencia a julgarmos as nossas culturas melhores que as outras, e por isso também nos julgamos melhores, e quando saímos do ninho, vemos que o mundo é muito grande e que não podemos ser tão arrogantes, aprendemos a respeitar a maneira diferente das outras pessoas de serem. Bem, ao meu ver, isso nos faz crescer :-)

Eu vi um vídeo que me interessei e gostei muito, de um médico psiquiatra que também é espiritualista e acredita em reencarnação, ele disse em um dos seus videos imaginemos que seriamos um oceano, um oceano de gotinhas. Elas todas conectadas umas as outras formam a água de um oceano imenso. E imaginem que cada gotinha é um ser... E é assim que temos que ser, é essa nossa evolução, nos vermos como iguais, aceitar ao outro como seu irmão, para vivermos em paz e formarmos uma nação como um oceano, limpo e lindo :-)

Pois então , é por isso que eu não sinto saudade do carnaval, das praias do Rio, de tudo que o carioca pensar ser a melhor coisa da vida kkkkk Não sinto em termos, né gente... Claro que as vezes bate uma nostalgia, mas nada que atrapalhe meu dia a dia. Contudo o que eu digo nessas linhas acima, não significa que eu não goste de tudo que o carioca considera o melhor da vida kkk. Eu adoro pular carnaval, adoro ir a praia e nadar no mar... Mas posso viver bem sem  ter isso ao meu redor, e isso é muito bom!!  Se tornar mais independente, mais forte e uma garrafa aberta, sem rotulo fixo
 :-)



Comentários